quinta-feira, fevereiro 28, 2008
sem espaço
no espaço-minúsculo em que me habito,
dança um verso,
sem poema,
habitáculo-do-sonho…
castelos-no-ar…
grito-de-borboleta-em-olhos-de-menino…
flor-em-desenho-insano…
gira-sol-do-mar…
voo-de-homem-pássaro-sem-destino,
coisas outras,
tantas
que sinto…
fosse eu mais minúsculo ainda
e não me cabia…
mas não importa
porque importaria?
se a flor não cabe na terra…
se o sonho não cabe em mim…
ah…ser ínfimo assim
e
quase ser universo,
é ser gota de sal
num mar sem fim…
as mãos
Tenho duas mãos que se abrem e fecham, como flor, mas só uma vida inteira as ensina a ser cor…
Fecho as mãos como quem fecha os olhos, mas o universo escorrega entre os dedos que rezam…
Só o olhar sabe guardar o Universo, vendo-O…
In “ Apontamentos para um manual da serenidade” ou como para sentirmos devemos sobretudo, estar de fora
nos caminhos que faço
Sinto
o
passo que passo,
piso-o,
risco-o,
descalço,
como quem escreve,
febril,
e
bebe água que ferve...
Marco-o,
passo a passo,
como quem cinzela na pedra,
corpo de mulher,
ou
flor de Abril…
Sangro-o,
de passo em passo,
como rio que nasce,
e
morre nuvem,
longe do mar...
Sinto-o
no tempo que tomba,
como quem amassa o pão
como quem vai,
e
não para,
nem que caia
no chão…
Sinto, passo a passo os passos que passo no chão…
linha cigana
abri a mão,
espalmada,
(qual folha seca-de-verão)
retirei,
(com cuidado)
a linha que lhe diz vida
e
desenhei
(com ela inteira)
uma borboleta,
de duas asas
(dividida)…
uma, azul,
outra, incolor
( como quem afasta a dor, dos passos em que caminha)
tinha,
duas asas,,,qual não tem?
uma, mar,
outra, amor…,
(borboleta,
ou flor?
não sei,
era linha de vida
que tinha escondida,
na palma da minha mão…)